domingo, 2 de janeiro de 2011
Saco de sentimentalismo
A dor de causar-lhe dor é pior do que qualquer dor que pudesse me causar. Fazê-lo sentir algo desnecessário pudera ter sido menos cruel, algo menos torturante, mas fora uma dor incomparável a qualquer outra com que ela já havia lidado anteriormente. Antes, ela sentia dor, agora, já não tinha coração onde pudesse afagar e sentir sua presença, pois não sobrara-lhe nem os cacos mal juntados. E assim, eles haviam desaparecido, até que então, ela pudesse perceber que qualquer dor que ele sentia sobressairia às suas próprias dores, ainda mais se ela fosse a autora da dor de quem ela mais amava. Tudo não passava de uma questão de dor. De tamanhos. Mas haviam dores de tamanhos diferentes? Quem nunca houvera sentido o que ela sentiu não era capaz de distinguir, a dor de causar a dor a quem tanta dor lhe poupou. Dar-me-ei um tempo para perdoar me, e perdoá-lo, por ser capaz de perdoar-me.