terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

O que não faz um cheiro de chuva

Deitados na grama, pude sentir o cheiro de chuva. Aquele mesmo cheiro de chuva que senti na primeira vez em que nos olhamos. Naquela mesma grama em que passávamos horas sem fazer nada que não significasse muito, tive uma súbita vontade de dizer o que eu já havia cogitado há alguns dias. Não sabia como aquilo iria soar aos ouvidos dele, mas sabia exatamente como aquilo iria soar aos meus, quando eu estivesse voltado ao meu corpo, estivesse novamente sensata e pudesse ter idéia do quanto eu tinha mostrado sobre meus desejos mais ocultos.Então eu começei.
Eu nunca quis envelhecer, mas sempre soube que iria. Eu nunca tive dúvidas de que queria envelhecer com alguém. Ainda que não sejamos muito. Mas temos que ser alguma coisa. Ainda que amigos. Não gostava de pensar em envelhecer com alguém, achava desperdício de tempo. Mas todos fazem isso. Então deve ter algum motivo oculto. Algo que ainda não descobri.
E com olhos estreitos, ele se virou e disse: Mas, mas, eu acho que...
Cale-se! Não pense em falar nada. Apenas ouça.Com você eu tenho vontade de estar perto, e se perto, mais perto ainda. E se eu tiver que acordar, me virar para o lado e ver um único rosto pro resto da vida, quero que seja você. Quero que seja o seu. E nunca pense em contar nada disso a ninguém! Agora pode falar. 
E tudo que ele pode dizer foi: Como você é durona.