segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Não desperte meu amor se não tiver a intenção de me amar

Você entra no meu coração
Sem cerimônia nenhuma
Pés no sofá, copos espalhados
Olhando de canto, me encaixa de lado
Fala alto e deixa a luz acesa
Toalha molhada na cama e prato na mesa
Então entra no meu corpo
Faz-me sua, usa e abusa
Com dedos e beijos
Mordidas e desejos
Durmo e te beijo
Acordo e te vejo
E me tira o controle com tantos acertos
Quer amor e beijinho
Mordida e  carinho
Marca e lacinho
Enfim de repente, te encontro na mente
Aprende sobre mim, me estuda
Trás tão pra perto, me expulsa
Me cheira e me usa
Vicia e tortura
Mas justo na mente?
Onde fica escrito o que a gente sente
Sente e não mente
Acha justo e prudente?
Observar meus detalhes
Fazer-me te amar
Se não for para sempre?

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Você não precisa entender

Tenho pensado demais em você. Mais que gostaria e com certeza, mais que deveria. Às vezes olhando pela janela. Só olhando. Pensando nas formas que te faria sorrir. Em como mexe teus lábios quando diz meu nome. Ou deitada na rede, acompanhando o céu. Adivinhando o caminho dos teus dedos, quando tocassem meu corpo. Também penso em você quando não estou pensando em nada. Flagrando minha mente traçando beijos por suas costas. Ou então meus dedos, entrelaçados nos teus. Todos os caminhos me levam a você. Pensamentos, vontades e desejos. Ainda me pergunto como esses teus efeitos liberam, em minutos, tudo aquilo que levei meses pra esconder. Talvez eu soubesse responder a constante de Planck, ou a teoria quântica de campos , e ainda sim não saber o que me prende tanto a você. Seja o que for, já desisti de compreender. Só se trata de sentir. Nunca fui de entender mesmo.

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Acordei para lhe dizer que volte a dormir



E mais uma vez, quando acordou, foi preciso tomar sua pílula de realidade. Fazê-la enxergar que nem sempre o que se via, era o que acontecia. Mas como explicar ao corpo que cada toque, não havia? Permanecia imóvel, parecia. Mas do lado de dentro, era turbilhão.

Como num olhar despretensioso, num sonho qualquer, não haviam limites ou parâmetros. Tudo que lhe tomara, da forma mais real, não existia. Não haviam pés. Nem beijos. Nem apegos. Nem cheiros. Ah, os cheiros! Como se pudesse senti-lo, o carregou consigo por todo seu caminho. Ele estava lá, mesmo que não pudesse distinguir dentro de si. Já tinha seu lugar. Pudera lhe olhar nos olhos, e deixar transparecer aquilo que, mesmo com poucas palavras, não podia lhe dizer. Sentiu seu gosto, doce e amargo. O que faltava para arrancar sua lucidez. O sol que lhe queimava as pernas pela manhã insistia em dizê-la que aquilo não era real. Ela teimava. Era real por dentro. Mas era real em algum lugar.