quinta-feira, 30 de julho de 2015

Acordei para lhe dizer que volte a dormir



E mais uma vez, quando acordou, foi preciso tomar sua pílula de realidade. Fazê-la enxergar que nem sempre o que se via, era o que acontecia. Mas como explicar ao corpo que cada toque, não havia? Permanecia imóvel, parecia. Mas do lado de dentro, era turbilhão.

Como num olhar despretensioso, num sonho qualquer, não haviam limites ou parâmetros. Tudo que lhe tomara, da forma mais real, não existia. Não haviam pés. Nem beijos. Nem apegos. Nem cheiros. Ah, os cheiros! Como se pudesse senti-lo, o carregou consigo por todo seu caminho. Ele estava lá, mesmo que não pudesse distinguir dentro de si. Já tinha seu lugar. Pudera lhe olhar nos olhos, e deixar transparecer aquilo que, mesmo com poucas palavras, não podia lhe dizer. Sentiu seu gosto, doce e amargo. O que faltava para arrancar sua lucidez. O sol que lhe queimava as pernas pela manhã insistia em dizê-la que aquilo não era real. Ela teimava. Era real por dentro. Mas era real em algum lugar.