segunda-feira, 27 de maio de 2013

São os olhos

Há quem você queira que faça parte da sua vida. Há quem você faça questão de manter, nunca deixar partir. Existem pessoas que criam conexões umas com as outras, que independente do que aconteça, se fortalecem e criam formas inesgotáveis e motivos intermináveis para se manter próximo a você. Quando eu escrevo, é porque transbordo. Transbordo palavras, sentimentos, pesos, cargas, bagagens e tudo  mais que carrego comigo, e nessa mochila de você, eu já nem sei o que transbordar.
Ele estava perdido, e por isso se agarrava a mim. E eu me agarrava a ele, porque não tinha mais ninguém.


sábado, 25 de maio de 2013

Sem falar de você

Não posso lhe dizer o que sinto, nem que te quero, nem que te amo. É como me atirar do precipício e esperar que tenha um colchão d'agua me esperando lá embaixo, pra me acolher. Não posso dizer o quanto sinto sua falta, o quanto você significa, e o quanto eu daria para tê-lo. É suicídio. É martirizar a mim mesma. É mutilar meu coração enquanto olho em seus olhos. Mesmo que você saiba que eu sinto cada coisa dessas. Mesmo que você saiba que eu me farei presente em cada detalhe. Mesmo que eu saiba que vou lhe ver em muitos outros rostos. E nós vamos nos procurar em outros abraços se não nossos. E nós temos uma música que você nem sabe. Nunca nem ouviu. E vai doer a cada vez que meu pulmão buscar por ar, cada vez que meus lábios se lembrarem de esperar pelos seus. Cada vez que eu sentir meus pés congelados sem os seus. Cada vez que você estiver em um sonho meu, que não terá final. Vai doer a cada batida. A cada suspiro. Até que eu escreva e não saiba terminar um texto sequer sem falar de você.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

O epílogo de nós dois

Aqui estou eu mais uma vez, tentando entender como foi que chegamos a esse ponto tão exacerbado, sem retrocesso. É como se costumasse haver uma ponte entre nós, que nos afastava e nos conduzia um ao outro, e mesmo que uma hora qualquer alguém optasse por tomar direções contrárias, sempre conseguíamos achar o caminho de volta. Mas numa dessas idas, não houve mais volta. A ponte não estava mais ali, para ser atravessada, para nos levar de volta um para o outro. E receio que eu não tenha mais forças para construí-la outra vez. E me pego a pensar, será que foi um beijo não dado? Uma palavra não dita? Algo que não fiz, ou talvez algo que eu tenha feito demais? Talvez eu tenha me importado demais, enquanto você, nem ao menos quis repensar. Talvez esse seja o último capítulo de nós dois, talvez estejamos escrevendo o epílogo, onde a última lágrima ficará bem na última página de nós dois. Então tudo soa como uma certeza de estar afundando num navio, sem retorno, onde as consequências só nos levam para o fundo, onde tudo é sombrio, onde já não existem migalhas no caminho do retorno para nos guiar. Talvez essa deva ser a última carta, o último momento, a última palavra, onde você vá entender o nós que não soube conduzir, onde eu vá lhe deixar a certeza de ter feito o melhor que pude, numa tentativa de convencer a mim mesma de que reservei somente a ti e lhe entreguei o melhor de mim. Ao menos vista sua roupa preta favorita, escreva palavras bonitas, escreva sobre como fui divertida, como fui leal, ou até mesmo fale que fui meiga. Mas não diga que me amou. Vamos velar o que não restou de nós.

Vida doce, vida

Doce, suave, amarga e arrogante. Há quem pense que enjoamos da vida, mas a verdade bem dita é que a vida é quem enjoa de nós. E não se esquece de nos lembrar, que mesmo quando se está enjoado da vida, você ainda está ali, vivo. Essa vida, cheia de oportunidades, novidades, amores, desamores, coisas que vem e vão, feita por chegadas e partidas, perdas e ganhos. Sua ausência é o fim, sem recomeço e emoção. A vida é cheia de fases, com seus pedaços, períodos amargos, faixas largas com data e hora para acontecer cada detalhe. Mas afinal de contas, o que são esses amargos? Essas vidas sempre tão cheias de desafios e tristeza, tantos sentimentos colidindo mutuamente. Não viver do jeito que sempre quis, fazer parte desse mundo medíocre, onde só existem pessoas arrogantes e amargas. Essa é a verdadeira tristeza da vida para quem sabe não olhar para o próprio umbigo. E as partes doces... Ah, as doces e raras. Rápidas como um beija-flor. Quando menos se espera, já se foram. Se vão tão rápido quanto chegam. Até ser acordado novamente pela realidade. A minha vida já enjoou de mim há tempos. Deixe estar, fujo daqui e não volto mais.

Minha alteração de "Vida doce, vida" de Raul Candido, que não me deixa trocar o título. Sweetheart.

terça-feira, 21 de maio de 2013

O que eu não posso te dizer, eu escrevo

Existem coisas que não devem ser ditas. No fundo, eu queria que você soubesse, que quando eu olho pra você, eu te sinto. Quando eu olho pra você, eu vejo todo o meu futuro. O passado deixa de existir e o presente torna-se você. Olho pelas ruas e posso ver as pessoas procurando no olhar umas das outras, tudo aquilo que nós temos. Andando todos os dias, seguindo suas rotinas, cuidando de suas vidas como acham que deveriam, fazendo o que acham que é certo, esperando aquele momento em que vão se deparar com aquela pessoa. Aquela que vai mudar tudo, que vai ser a luz, vai ser seu lado verdadeiro, seu porto, a pessoa que vai fazê-los sentir únicos. E vai deixá-los entender que todo o resto não importa quando se tem um amor leal, um bom livro e um bom Brighter Than Sunshine nos ouvidos. Existem palavras que não podem ser ditas. Não teriam o mesmo efeito que quando escritas. Ou talvez eu não saiba as dizer tão bem quando penso que as sei escrever. Quando escrevo, sei que você vai ler exatamente o que eu quero dizer, e quando eu falo, pode soar meio duvidoso. E não quero que tenha sequer uma dúvida a respeito de sentimentos tão carregados.

sábado, 4 de maio de 2013

Equívocos do sábado

Ainda estou aqui, sentada, pensando em como tudo começa, sem data marcada, sem previsões, nem desacertos, até que atinge um ponto onde não tem mais volta. Quando tudo esgota, vão se as coisas que antes estavam ali e tornavam algo, um indecifrável ponto, especial. Vão se as coisas que antes costumavam ser parte de você mesmo e só sobram resíduos. Tudo que resta são cacos mal lavados, cheiros dissipando-se, cores desbotando e só sobram interrogações, quimeras. Só resta poeira, pó de giz. E no fim, é só mais uma coisa dentro de mim que se esvai como tantas outras.